Publicado em 21/10/2024 18h41 | Atualizado em 22/10/2024 13h17
Vinte de outubro comemora-se o Dia do Poeta. Escolhemos alguns escritores da CLDF para entrevistar, homenageando os poetas em geral. Um deles, Bruno Lara de Castro Manso, sugeriu o tema para esta notícia. Conversamos também com Bruno de Oliveira Viana e Nazareno Arão da Silva.
Bruno Lara
Jornalista da TV Câmara Distrital desde 2021, Bruno Lara é do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1984. Veio para Brasília em 2016, quando aprovado em concurso da Universidade de Brasília – UnB. Trabalhou como jornalista na UnBTV por mais de cinco anos. Graduou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, onde também fez mestrado e doutorado em Ciência da Informação. Já o pós-doutorado foi realizado na UnB.
A história de Bruno com poesias começou na universidade. Ele tinha um blog e escrevia com regularidade. Depois, trabalhando, esqueceu-o, ficando por volta de dez anos sem produzir textos poéticos. “Reencontrar o blog, há cerca de quatro anos, foi a faísca que me motivou a voltar a escrever poemas”, diz. Ele não teve influência de familiares ou amigos para começar nessa arte. O autor tem três livros publicados: Presente em Poesia, de 2021, pela editora Outra Margem; Gabi e Bacana em: Amor, família e diálogo, infantil, de 2023, pela editora Historinhas pra Contar; e Manhã de Domingo, de 2024, pela Ópera Editorial.
Alguns de seus temas são: relacionamentos, movimentos sociais, pensamentos, situações corriqueiras (de um ângulo original), amor pela vida, paternidade, manifestação da natureza. “A questão poética ajuda a organizar pensamentos, sentimentos, relações. A poesia é como óculos, como um filtro. Dependendo de como está a disposição interior, isso direciona o seu olhar para com a vida. Ela também ajuda a ver a vida menos cartesiana, menos causa e efeito, mais processual”, afirma o jornalista, que também manifesta a veia artística com crônicas e artigos. Gosta de vários poetas, mas destaca Fernando Pessoa e Drummond como preferidos. Prove um pouco da poesia de Bruno Lara:
Sintoma
Há vontade que fica,
que dá e não passa.
Há vontade rica que
persiste
como uma traça que
insiste
em consumir o coração.
Essa vontade é um
sintoma
do vírus da paixão.
Site do autor: https://www.bruno-lara.com
Blog: bruno-lara.com/dom-as-9
Bruno Viana
Bruno Viana nasceu em Brasília em 1988. Entrou na Câmara Legislativa em 2020, trabalhando na Diretoria de Polícia Legislativa – Dipol até 2023. Do mesmo ano até 2024, foi chefe da Auditoria Interna – Audit. Em maio de 2024, tomou posse como procurador legislativo e está na Procuradoria-Geral desde então. É formado em Direito e em Filosofia. Tem curso superior incompleto em Letras – Português/Japonês. É pós-graduado Direito Penal, Processual Penal e Empresarial e em Auditoria Interna e Controle Governamental.
Começou a escrever por volta dos catorze anos. “Sempre fui um grande entusiasta de filosofia, arte e literatura, o que acabou me levando para esse caminho desde cedo”, diz. A família o influenciou e incentivou, fornecendo um ambiente cultural com música, teatro, cinema. Seus poetas favoritos são Carlos Drummond de Andrade, Augusto dos Anjos, Vinicius de Moraes e Fernando Pessoa.
Em 2010, participou do Concurso Literário Machado de Assis, do Sesc/DF, em que foi classificado em décimo lugar com o conto “O vulto”, o que o motivou a seguir como escritor. No mesmo ano, publicou o livro Novos Escritos, pela All Print Editora, lançado em Brasília e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Já em 2023, publicou O Ser ou Somente um Retrato sem Essência, lançado em Brasília e na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Os temas preferidos das obras de Bruno Viana são filosóficos: existencialismo, ego, holismo e transcendência. “A literatura, na minha vida, é uma expressão, mas também uma necessidade. É uma forma de trazer uma visão mais reflexiva sobre o mundo. É algo que faço porque não me sentiria completo se não fizesse”, observa. Falando sobre a incursão em outras artes, revela que se aventurou na pintura, mas ainda não se desenvolveu o suficiente. Além disso, tem se dedicado à música, aprendendo a tocar guitarra. Aprecie um aperitivo de Bruno Viana:
Quantas vezes acreditei em juras de amor?
Quantas vezes acreditei em juras de amor?
Acreditei até entender que amor não se jura.
Amor é a vontade que se oferece, se sente, se compartilha.
Quantas vezes sonhei com o amor?
Sonhei até entender que só vale o sonho que tem amparo na realidade.
Mas por que será que o amor e o engano costumam caminhar juntos?
Talvez porque amar seja o se enganar para a construção do desenganar.
E mesmo quem já sofreu deseja amar novamente.
Mesmo que a vontade se esconda na falta de vontade.
Negar, às vezes, é afirmar.
E não é impossível um amor mais maduro,
Um amar mais coerente,
Um se entregar menos displicente.
Quantas vezes acreditei em juras de amor?
Acreditei até entender que amor não se jura.
Amor é a palavra que se cumpre sem uma palavra sequer.
Site do autor: http://brunovianaobras.wordpress.com.br
Instagram: @brunovianaescritor
Nazareno Arão
Nazareno Arão da Silva trabalha na Consultoria Técnico-Legislativa de Fiscalização, Controle, Acompanhamento de Políticas e Contas Públicas e Execução Orçamentária – Conofis. Ingressou na CLDF em março deste ano. Nasceu em Fortaleza e veio para o Distrito Federal no ano de 2000. Nazareno é formado em Letras – Português pela UnB. Começou a gostar de poesias ainda quando criança. “Gostava da musicalidade, de brincar com as palavras, com rimas”, diz. Sua principal influência foi uma professora da igreja, que o incentivava a decorar poemas para recitar nos cultos.
O autor ainda não tem um livro só dele publicado. Mas participou de algumas obras: Antologia Literária – poesias, cantos e contos, de 2021, e Sementes de Esperança, de 2022, ambas pela Editora Lopes, de Campinas (SP). Já homenageou a mãe, a esposa e amigos em seus escritos. Tem Deus, vida cristã, cotidiano, amor, educação, relacionamentos e a própria poesia como assuntos prediletos. Para ele, a poesia “é uma brisa que refresca a rotina e ajuda a ver o mundo com lentes que transpõem o absolutamente concreto e imediato”. Gosta da maioria dos poetas, mas cita alguns cujas obras o afetaram: Mário Quintana, Drummond, Bilac, Gonçalves Dias, Pablo Neruda, Cecília Meireles, Cora Coralina, Vinícius, Gioia Júnior, Mário Barreto França e Myrtes Mathias. Sua outra forma de expressão artística é a música. “Gosto quase como uma consequência. Toco violão, gaita... já toquei outros instrumentos, mas estou ‘enferrujado’”.
Segue uma pitada de Arão:
Reflexxivo
Às vezes sinto que me
vivo,
Outras que vivo eu sem
mim
Vezes que não estou
comigo
Outras que amigo sou de
mim...
Vezes que vivo outro
vivendo
Qual dos meus eus eu
estou sendo
Se assim me vivo...
reflexivo...?
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